Haja vista a importância de estarmos retroalimentando saberes acerca de assuntos contemporâneos como a formação do pedagogo brinquedista, postamos aqui, o material elaborado por professoras e monitores da brinquedoteca/CAMEAM/UERN.
Degustem !!!
FORMAÇÃO DE PROFESSORES: A CONSTRUÇÃO DOS SABERES DA
DOCÊNCIA PARA A PRÁTICA DO BRINQUEDISTA
Maria Cleoneide de Souza Santos
Graduanda
do Curso de Pedagogia/UERN/CAMEAM
Iandra Fernandes Pereira Caldas
Profª.
Mestranda do Curso de Pedagogia/ UERN/CAMEAM
Míria
Helen Ferreira de Souza
Profª
Especialista do Curso de Pedagogia/ UERN/CAMEAM
RESUMO
O
presente trabalho é fruto de ações desenvolvidas pelo projeto “PRODOCÊNCIA/UERN: Uma Proposta de Articulação
Universidade-Campo de Estágio nos Cursos de Licenciatura”, que objetiva
por meio da estruturação de uma brinquedoteca no curso de Pedagogia, do
Departamento de Educação do Campus
Avançado Professora Maria Elisa de Albuquerque Maia, da Universidade do Estado
do Rio Grande do Norte, implementar saberes que venham a fortalecer a formação
inicial dos pedagogos para a docência e, por conseguinte, a construção e
socialização de saberes, vivências e reflexões favoráveis ao redimensionamento
de estratégias de ensino-aprendizagem. Assim sendo, o estudo se justifica pela
necessidade de investigação sobre quais são os saberes docentes necessários à
formação do(s) brinquedista(s), fundamentado em autores como: Rosa (2010), Celestino
(2006), Tardif (2002), Pimenta (2002), dentre outros. Mediante os estudos
realizados, constatamos que o profissional brinquedista deve estar consciente em
quais saberes docentes se apóia para a execução da prática educativa, levando
em conta os objetivos almejados e a convivência com diversas subjetividades e
peculiaridades dos sujeitos.
PALAVRAS-CHAVES: Formação de
professores. Saberes. Brinquedista.
CONSIDERAÇÕES
INICIAIS
Toda criança é um ser
comunicativo. É através da fala e da escrita que, geralmente, se expressa mais
facilmente com o outro, como também é compreendida, mas a existência de hábitos
de montar, empilhar, chacoalhar, encaixar, ou seja, brincar passou a se
configurar no âmbito da comunicação infantil como mecanismos que refletem a
subjetividade e, de forma metafórica, pode vir a retratar uma retórica.
Haja vista que a comunicação
é utilizada com o intuito de ensinar ou de aprender algo e, às vezes, isto
ocorra de modo indireto, o ato de brincar também caminha na mesma direção, pois
com ele os infantis aprendem a estar com os outros e consigo mesmo.
Atualmente, vem-se
dando destaque à criação de espaços lúdicos de diversão e aprendizagem das
crianças, diferentes da sala de aula, denominados de brinquedoteca, bem como, a
inclusão de uma nova categoria profissional, caracterizada pela docência, apta a
atuar neste espaço que é chamada de brinquedista.
A proposta deste artigo
resulta de estudos desenvolvidos pelo projeto institucional de ensino “PRODOCÊNCIA/UERN: Uma Proposta de Articulação
Universidade-Campo de Estágio nos Cursos de Licenciatura”, que objetiva
por meio da estruturação de uma brinquedoteca no curso de Pedagogia, do
Departamento de Educação do Campus
Avançado Professora Maria Elisa de Albuquerque Maia, da Universidade do Estado
do Rio Grande do Norte, implementar saberes que venham fortalecer a formação
inicial dos pedagogos para a docência e, por conseguinte, a construção e
socialização de saberes, vivências e reflexões favoráveis ao redimensionamento
de estratégias de ensino-aprendizagem a serem aplicadas em espaços e não
escolares.
Fomentando-se na
perspectiva de que o pedagogo brinquedista deve ser o agente responsável pela
mediação entre o brinquedo e a criança, organizamos esse trabalho na intenção
de compreender quais saberes são importantes à formação de professores
brinquedistas qualificados a atenderem a essa nova demanda da sociedade.
Assim, este artigo está
organizado em seções onde, a princípio, abordamos uma reflexão acerca dos
saberes necessários ao brinquedista e, concomitante a isso, como se propaga a
construção identitária dessa profissão. A segunda seção concentra-se na
apresentação da prática do brinquedista como elemento gerenciador de uma
prática pedagógica veiculada pelos saberes adquiridos em sua práxis e aplicada
de forma a gerar uma cultura lúdica libertadora. Nas considerações finais estão
apontados os aprendizados adquiridos por meio deste estudo e algumas lacunas
detectadas.
Este trabalho adota
como metodologia a pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico, por permitir um
estudo aprofundado das teorias acerca da temática abordada e para a sua
realização nos respaldamos teoricamente em Kazue
Sakamoto; Bomtempo (2010), Vieira
(2010), Cunha (2009), Celestino (2006), Pimenta (2002), Tardif (2002) e Rosa;
Kravchychyn (2010), dentre outros.
Almejamos que as
abordagens aqui apresentadas se configurem como norteadoras de reflexões acerca
da importância da construção de saberes para a formação do brinquedista e somem-se
a discussões posteriores, haja vista que a ampliação dessa temática muito
contribui para a solidez da estrutura profissional da docência nos espaços não
escolares.
1
Saberes docentes necessários à formação dos brinquedistas: rumo à construção da
identidade
Mediante
a necessidade de constituição de uma nova identidade profissional que venha
garantir os saberes essenciais ao ato de veicular aprendizagem e, a partir
destas, promover mudanças sociais, emerge no cenário dos espaços escolares e
não escolares o professor brinquedista como mais uma categoria inserida na
classe dos pedagogos.
Mas, antes de adentrarmos
sobre os saberes em si, necessários a formação docente, especificamente a
formação de professores brinquedistas, que desenvolvem atividades
didático-pedagógicas de caráter lúdico, com o objetivo não só de proporcionar
aprendizagem, mas, também, o gosto e o interesse pela brincadeira, faz-se
necessário compreendermos o que seja identidade na profissão professor.
Segundo
Pimenta (2002, p.18):
A identidade não é um dado
imutável. Nem externo, que possa ser adquirido. Mas é um processo de construção
do sujeito historicamente situado. A profissão de professor, como as demais,
emerge em dado contexto e momento históricos, como resposta a necessidades que
estão postas pelas sociedades adquirindo estatuto de legalidade.
Entendemos esta como
sendo coletiva, aquela que é moldada nas interações sociais, em um determinado
momento histórico, que vai se configurando no tempo e na história, deve ser
pensada e refletida em mediações com outros educadores para o desenvolvimento
profissional desses seres.
Nesse sentido, é
pontual considerarmos que a construção identitária é um processo que caminha a
várias mãos e depende do acúmulo de aprendizados significativos que absorvemos
durante todo o percurso da vida docente.
Estes saberes da
docência são classificados por Pimenta (2002) como: a experiência, o
conhecimento e os saberes pedagógicos.
Para a autora, o saber
da experiência refere-se, inicialmente, a aqueles de conhecimento prévio dos
alunos de cursos de licenciatura, pois, estes já trazem consigo lembranças de
sua vivência escolar; essas experiências enquanto alunos os fazem lembrar quais
foram os melhores professores, aqueles que realmente sabiam ensinar ou aqueles
que marcaram significativamente sua vida e formação humana, como também, as
condições intra e extra-escolares que permeiam a profissão. Por outro ângulo,
os saberes da experiência são aqueles que os professores adquirem mediante a
prática, que inclui reflexão sobre a ação e diálogos com outros profissionais
da educação.
Quanto ao saber do
conhecimento, Pimenta (2002) reforça que somente reproduzir conhecimento não é
o suficiente, o que tem que se fazer é criar condições de produção desse
conhecimento, até porque com o crescente desenvolvimento industrial e com a
velocidade com que se propagam as informações, a escola e os professores passam
a serem taxados de incompetentes, e nesse caso, temos que saber que o conhecer
não se reduz a informar, ou seja, não basta adquirir os meios de informação tem
que saber utilizar as informações produzidas pelos mecanismos da informação.
Tal posicionamento nos imbui
a rememorar a diferença entre informação e conhecimento. Segundo Jacobucci
(2008), a informação é a socialização de dados de forma meramente eventual,
enquanto que o conhecimento exige reflexão, compreensão e avaliação dos fatos. Nesse
sentido, consideramos que o papel do pedagogo brinquedista frente ao ato de
brincar é permear caminhos que levem o aluno a se familiarizar com uma cultura
lúdica que lhe proporcione conhecimento.
Desse modo, trabalhar o
conhecimento constitui-se uma tarefa difícil para os professores e a escola,
pois, cada docente trabalha conhecimentos específicos e discutir estes de
maneira interdisciplinar na sociedade contemporânea é um dos passos para a
construção identitária dos professores.
Já os saberes
pedagógicos, são os que fundamentam o como ensinar. Porém, esses saberes vêm
sendo trabalhados de maneira fragmentada, ora discutiam-se a relação
professor/aluno, ora a relação aluno/aluno, ora as técnicas de ensino. Na
opinião de Pimenta (2002) os saberes pedagógicos devem ser (re) construídos a
partir da prática social de ensinar, de modo, que, esta seja o ponto de partida
e chegada para a significação dos saberes dos professores, desta forma os
saberes pedagógicos só poderão colaborar com a prática se forem relacionados
com os problemas postos por ela.
Os saberes enfocados
por Pimenta (2002) são de suma importância para a formação de professores
brinquedistas, vez que possibilitam um olhar diferenciado sob a prática e as
peculiaridades que acontecem no decorrer das ações, principalmente quando se
trata de um trabalho realizado com crianças em um espaço destinado a atividades
lúdicas, mas, não deixa de conter aprendizados.
A função do
brinquedista é de mediador das ações lúdicas, para que esta ação se efetive ele
precisa de conhecimento sobre a criança, sobre o lúdico, da experiência de
vida, da formação inicial e contínua para que seu trabalho seja permeado pela
reflexão sobre as ações desenvolvidas, precisa dos saberes pedagógicos, para
que possa mediar a interação da criança como o brinquedo de forma que atenda os
objetivos educativos previamente propostos.
Somente o domínio dos
saberes elencados proporcionará ao brinquedista a humildade de reconhecer aprendizados
e experiências prévias dos alunos no espaço da brinquedoteca, possibilitar a
autoconstrução do conhecimento e a partir das situações encontradas no espaço
de ludicidade promover resoluções pedagógicas.
Nesse debate sobre
saberes necessários à formação do professor, Tardif (2002) acrescenta outros
saberes, como o da formação profissional
(das ciências da educação e da ideologia pedagógica), que vão oferecer respaldo
teórico-conceitual para o desenvolvimento das atividades do brinquedista; os saberes disciplinares, ou seja de cada
disciplina que podem ser trabalhados por intermédio do lúdico e os saberes curriculares, ou seja,
“conteúdos e métodos a partir dos quais a instituição escolar categoriza e
apresenta os saberes sociais por ela definidos e selecionados como modelo de
cultura erudita” (2002, p.38). Para Tardif:
(...) os saberes profissionais
são temporais (...), pois são utilizados e se desenvolvem no âmbito de uma
carreira, isto é, de um processo de vida profissional de longa duração do qual
fazem parte dimensões de socialização profissional, bem como fases e mudanças.
(2002, p.262)
Compreendemos que os
saberes são temporais por que decorrem de toda vivência do professor que inclui
identidade profissional, aspectos sócio-históricos e culturais; são plurais e
heterogêneos porque não constituem um acervo de conhecimento único, eles são
ecléticos e diversificados, até porque na prática os professores procuram
atingir vários objetivos, o que não exige os mesmos conhecimentos e aptidões.
O autor supracitado
discorre que “o objeto do trabalho do docente são seres humanos e, por
conseguinte, os saberes dos professores carregam as marcas do ser humano”.
(TARDIF, 2002, p.266) isso significa dizer que cada ser humano tem suas
particularidades e o trabalho do professor deve atingir essa individualidade de
cada aprendiz, como também o saber profissional é carregado de afetividades e
emoções imbricadas no ato educativo, mas, esse lado afetivo não deve fazer da
aula um ato de libertinagem, mas um lugar de respeito uns com os outros.
Para completar,
Celestino (2006), ressalta os saberes na formação de professores na sociedade
contemporânea. Celestino (2006, apud
Perrenoud, 2000) acredita que o professor precisa saber organizar e dirigir
situações de aprendizagem, dispondo do imaginário para criar diversas situações
em que esse processo possa ocorrer, até porque a flexibilidade é uma das
vantagens do ato de planejar, além de trabalhar o envolvimento dos alunos em
seu próprio processo de aprendizagem para que este acredite que é capaz de
realizar qualquer tarefa, basta acreditar.
Desse modo, podemos
perceber que são vários os saberes para a formação do professor na sociedade
contemporânea e aqueles que desenvolvem atividades lúdicas com crianças
precisam estar atentos para as especificidades de cada um, incentivando para o valor
da brincadeira e importância do brinquedo, dos jogos entre outros, como também
apresentar-lhes as regras desses objetos recreativos e despertar na criança o
gosto pela brincadeira e diversão como contributos para a vida e formação
cidadã.
2 A prática dos professores brinquedistas: adentrando
as portas da brinquedoteca
Como o foco prático dos
nossos estudos no projeto Prodocência é a estruturação de uma brinquedoteca no
DE/CAMEAM/UERN, faz-se necessário compreendermos como surgiu e o que é uma
brinquedoteca.
De acordo com Gimenes
(2011) as primeiras intenções de criação de brinquedotecas surgiram no ano de
1934, em Los Angeles, quando um diretor de uma escola foi comunicado pelo
proprietário de uma loja que os alunos estavam furtando brinquedos de seu
estabelecimento. Para combater o fato o diretor criou o serviço de empréstimo
de brinquedos que funciona até hoje e são denominada Toy Libraries. No ano de 1963, na Suécia, a experiência se efetivou
com o intuito de que os brinquedos fossem utilizados pelos pais para
estimularem às crianças com necessidades especiais que não podiam se deslocar
até o espaço da brinquedoteca.
Segundo Cunha (2009, p.
13), a brinquedoteca no Brasil surgiu na década de 80, portanto, com
características diferentes das Toy Libraries:
A brinquedoteca brasileira difere
das chamadas Toy Libraries porque não
tem como atividade principal o empréstimo de brinquedos. A brinquedoteca é o espaço criado com o objetivo de proporcionar
estímulos para que a criança possa brincar livremente.
Um espaço assim não é comum, ele se difere dos
outros no sentido de que a brincadeira é premissa essencial. É pensando nela
que é planejada a distribuição de brinquedos no espaço, que é oferecido objetos
variados e, principalmente que se permite à criança a liberdade de decidir com
que brincar, como brincar, com quem brincar.
Para Rosa; Kravchychyn; Vieira (2010, p.16), “A
brinquedoteca constitui-se em um ambiente físico dotado com brinquedos variados
com finalidade de possibilitar à criança interações por meio do brinquedo e
perpetuação de uma cultura lúdica”. Dessa forma ela é um convite para que as
crianças descubram e construam conhecimentos sobre o mundo através dos
múltiplos brinquedos, bem como desenvolver a autonomia, a capacidade de
escolha, a criticidade, promove o trabalho em equipe, a socialização,
imaginação e interação com os outros.
Certamente para atuarmos em um local onde o lazer, a
diversão e alegria são os componentes curriculares é pertinente a inserção de
um profissional que tenha “coragem criativa” como mencionado por Cunha (2009,
p. 20), pois a adesão a esta prática encaminha o brinquedista a aquisição de
saberes pautados em uma práxis que se transforma cotidianamente.
Assim, o profissional especializado para trabalhar
nesse ambiente é chamado de brinquedista que, para Sakamoto & Bomtempo (2010, p.418) é:
Um profissional que em sua abordagem do brincar e
da brincadeira pode contemplar o alcance desta ferramenta de conhecimento e
comunicação do universo imaginário. Ele é um profissional que valoriza a
subjetividade e que em seu trabalho com crianças nas brinquedotecas, compreende
a importância do faz de conta e de outros recursos da imaginação que interagem
com a experiência imediata de relacionamento com o ambiente.
Tal posicionamento nos
imbui a enfatizar que para o desenvolvimento de suas atividades o brinquedista
necessita ter o domínio dos saberes focalizados anteriormente por Pimenta
(2002), vez que é um sujeito responsável por fazer do brincar uma das mais
importantes ferramentas do conhecimento e da aprendizagem.
A função do pedagogo
brinquedista também exige uma formação que contemple os saberes abordados por
Tardif (2002) que defende o fato de que os conteúdos disciplinares podem ser ensinados
a partir de uma perspectiva lúdica, daí a necessidade de apropriação de
técnicas de contar histórias, desenhar, pintar, esculpir, conhecer jogos e
brincadeiras tradicionais variadas e as mais contemporâneas e, ainda, dominar
recursos tecnológicos.
Dentre
as particularidades da atuação do profissional brinquedista há um viés
pedagógico, haja vista, que seu trabalho se rende a mecanismos simultâneos aos
usados pelos professores em sala de aula, entre eles, o contato direto com os
educandos, o processo de comunicação, a pertinência de um diálogo e a troca de
afetividade. O brinquedista também tem função interativa, daí a constatação, de
que no espaço da brinquedoteca, ele é um mediador, ou seja, não ensina a
brincar e tampouco determina quais os rumos que a brincadeira deve tomar, mas brinca
junto à criança, interagindo com sua imaginação e permitindo com que ela
apresente capacidade criadora e liberdade de expressão.
Outra
função que caracteriza a atuação do brinquedista é a afetiva, que pode ser
considerada de importância imensurável, tendo em vista que, na
contemporaneidade, os adultos, no caso os familiares e até mesmo os
professores, têm pouca disponibilidade de tempo de dar atenção às crianças por
estarem estes assoberbados de atividades diárias. Nesse caso, o pedagogo
brinquedista tem como atividade principal o atendimento às necessidades
cotidianas inerentes à infância, como o acolhimento, a compreensão diante de
comportamentos, a promoção de segurança, a valores dos direitos
humanos.
Um dos maiores desafios
do pedagogo brinquedista é mediar as situações do imaginário infantil porque as
atitudes das crianças são imprevisíveis. De acordo com os estudos realizados
sobre o cotidiano prático de brinquedistas, podemos constatar várias situações
como: os conflitos existentes entre as crianças e como elas resolvem; as
brincadeiras grupais ou os casos de crianças que preferem brincar sozinhas. Neste
caso Rosa; Kravchychyn; Vieira (2010, p. 19) afirmam que:
O brinquedista acompanha o
brincar em grupo com um enfoque mais em mediar possíveis conflitos por
brinquedos. Já quando uma criança brinca sozinha, o brinquedista aproxima-se da
mesma e, se convidado, participa da brincadeira. Na maioria dos casos o
brinquedista acaba brincando junto ou ajudando a criança com regras, em caso de
jogos.
A responsabilidade
posta sob os ombros dos brinquedistas perante o papel de mediador de conflitos existentes
na brinquedoteca e também comum à prática docente, nos remete a crer que eles
são obrigados a terem consciência de quais saberes se apóiam e que seu trabalho
depende desses saberes, pois, só a experiência do dia-a-dia não basta, deve haver
conhecimentos teoricizados e especializados que propiciem o trabalho e
desenvolvimento com crianças.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Muito se fala sobre a
importância da brincadeira para o desenvolvimento social, afetivo e psíquico da
criança. Também costumamos ouvir sobre a pertinência de implementação de uma
brinquedoteca em várias instâncias sociais (escola, hospital, casa de apoio à
criança, orfanato, dentre outros) como um espaço voltado para a criação de um
repertório lúdico com crianças. Mas, ficamos a nos perguntar: Será que a
criança tem todo esse direito de brincar ? Temos profissionais qualificados a
atuarem na brinquedoteca ?
Na tentativa de
respondermos aos questionamentos podemos afirmar que, sem sombra de dúvidas a
criança tem o direito de brincar garantido por documentos legais como a
Constituição Brasileira e o Estatuto da Criança e do Adolescente, mas, na
realidade não é bem isso que acontece.
As ocupações dos pais,
a correria do dia-a-dia e a violência, entre outros impasses acarretados pela
sociedade moderna, cada vez mais estão privando as crianças desse direito.
Tal diagnóstico tem
refletido negativamente no aspecto comportamental das crianças que, passam a
vivenciar situações de desprazer cotidiano bloqueando, com isso, o
desenvolvimento de suas capacidades afetivas e cognitivas.
Partindo do pressuposto
que brincar alivia tensões e cria um clima de permissividade onde as emoções
fluem com naturalidade, cabe ao adulto entender que a brincadeira é de suma
importância para o desenvolvimento infantil, pois promove a socialização, a
interação com outras pessoas e contribui para o processo de
ensino-aprendizagem.
Portanto, a partir da
leitura dos aportes teóricos que respaldaram o desenvolvimento deste estudo
compreendemos que a aquisição de saberes docentes pelos profissionais da
educação deve ser premissa fundamental no campo da formação profissional, vez
que por meio deles podemos alicerçar a nossa prática.
Constatamos, porém que
os cursos de formação de professores ainda não respondem adequadamente as
exigências da sociedade atual no sentido de que o surgimento de novos espaços
de atuação docente amplia a abrangência de uma profissão que está em
efervescência, o brinquedista, um sujeito que trabalha com repertórios infantis
diversos e com várias culturas e, entretanto, necessita de uma formação
sustentável dotada de saberes que o auxiliem a ser protagonista desta nova
realidade emergente até mesmo porque a inclusão de brinquedotecas em diversos
espaços sociais exige a presença de profissionais qualificados a desenvolverem
um trabalho significativo por ser um local de oportunidades sem cobranças, mas
pleno de alegria.
A oportunização de
estágios supervisionados em espaços como a brinquedoteca possibilita a
construção de um perfil identitário dos futuros pedagogos e criam condições
pontuais de mediação das relações tecidas nesse ambiente propício a diversão e
liberdade de brincar.
A estruturação de uma
brinquedoteca por intermédio de projetos como o Prodocência, fortalece o alicerçamento
da formação do pedagogo brinquedista no sentido de que nos inspira a continuar
trilhando esses caminhos e buscando apontamentos que aprofundem nossos
aprendizados acerca da temática em questão.
Esperamos, porém, que
as reflexões aqui veiculadas se configurem como subsídios alternativos que
venham a contribuir para a superação de dificuldades decorrentes da ausência de
uma qualificação profissional adequada no campo da Pedagogia e que muitos
outros questionamentos, aqui não explicitados, provoquem mais inquietações.
A expectativa é que
este trabalho possa significar o pontapé inicial para outras discussões que
contemplem a necessidade de aquisição/retroalimentação de saberes docentes e que
estes se façam presentes na vida dos educadores que pretendem dividir os
espaços escolares e não-escolares com crianças sedentas em aprender, nem que
seja brincando.
REFERÊNCIAS
CELESTINO,
M. R. A formação de professores e a
Sociedade moderna. Dialogia, São Paulo, V. 5, p. 73-80, 2006.
CUNHA,
Nylse Helena da Silva. A brinquedoteca brasileira. In: SANTOS, Santa Marli
Pires dos. (Org.). Brinquedoteca: o
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GIMENES,
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LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm.
Acesso em 15 de Maio de 2012.
JACOBUCCI, Daniela Franco Carvalho. Contribuições dos espaços não-formais de
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KAZUE
SAKAMOTO, Cleusa; BOMTEMPO, Edda. Brinquedista
– reflexões sobre sua função mediadora na abordagem do imaginário infantil.
Boletim Academia Paulista de Psicologia. v.30. num. 79, Julio-diciembre, 2010,
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Acessado em 29 de março de 2012.
TARDIF,
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profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
PIMENTA,
Selma Garrido. Formação de professores e
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ROSA,
Fabiane Vieira da; KRAVCHYCHYN, Helena ; VIEIRA, Mauro Luis. Brinquedoteca: A valorização do lúdico no
cotidiano infantil da pré-escola. Barbarói. Santa Cruz do Sul, n. 33,
ago/dez. 2010.
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